domingo, 7 de novembro de 2010



Profunda falta


A gente cresce e perde as cores bonitas de ser feliz
 Ser menino, ser menina, ser criança
A gente cresce, aprende a amarrar o cadarço
A vestir o vestido e dá o laço
A tomar banho sozinho
A fazer trança no cabelo
A vestir roupa sem graça, sem cores o tempo inteiro, pra viver ao contrário.
Viver ao contrário, sem o gosto doce de criança lambuzada
Sem a roupa sujinha toda enlameada
Sem os pés gigantes do pai, pra subir e ser gente grande na caminhada
Sem o peito quente materno com manhas e choros desconsolados
Sem o cheiro de comida na cozinha
Sem a pressão pra comer mesmo estando empanturrado
Sem o aconchego gostoso de lençóis branquinhos e quentinhos na hora de dormir acompanhado de pezinhos cobertos, empacotados em noites bonitas, porém demoradas.
A gente cresce e perde as cores bonitas de viver e sentir, pra viver ao contrário.



Naiara Misa- em 07/10/2010

sexta-feira, 13 de agosto de 2010




É MAIS QUE ISSO





Tem dias que parece ser de choro e de chuva, talvez não só de choro e de chuva, mas de uma saudosa lembrança alegre. Esses dias que você anda pelas ruas e, subitamente, o céu desanuviado preenche-se por um manto cinza, acompanhado por uma neblina suave e fria que se embebe em seu rosto e corpo com rajadas de ventos, tornando o percurso ruim pra alguns e prazeroso e molhado pra outros. A rua se torna vazia, pois as pessoas não querem se molhar por vários motivos:
Porque não quer molhar o cabelo
Porque não quer molhar o seio
Porque não quer molhar o sapato caro
Porque não quer molhar a capa de um livro raro
Porque não quer molhar os celulares
Porque não quer sentir o frio
Porque não quer ficar febril
Ou até mesmo porque não gostam de chuva.
Algumas pessoas não sabem e, por algum motivo não gostam da chuva, não sabem elas os prazeres e efeitos que uma chuva pode proporcionar ao nosso corpo e aos nossos sentidos, as reações e sensações que podem ser de frio, arrepio, ou até uma lembrança da infância esquecida em algum lugar da sua memória sensitiva e emotiva. Pois é, a chuva pra mim, não é só o cair de água em uma condensação de uma nuvem fria com uma nuvem quente, as mesmas podem está brincando de quente e frio de abraços em forma de gotas pra ver quem chega primeiro na terra, a chuva pode ser o choro de um céu com lembranças e saudade da noite, pode ser o dar e receber dos mares e rios pode ser o riso e alimento das árvores, pode ser o choro que banha pensamentos tristes e alegres, pode ser o germinar de sementes em terras férteis, pode ser a limpeza de caminhos, pode ser a música em notas de telhados desafinados, pode ser o “casamento da raposa”, pode ser o deleite de guarda-chuvas, pode ser o aconchego de enamorados, pode ser o frio dos desabrigados, pode ser o banho dos pássaros. A chuva é bem mais que isso Ela me causa e me traz sensações, reações diversas e indescritíveis (indispensáveis), que só quem sente, sabe; só quem molha lembra, quem sente chove, quem chove chuva, quem sente a rua,quem é de chuva, sempre sente... chove chuva, em mim sempre...

Naiara Misa-dia de chuva-12/08/2010.21:53

domingo, 1 de agosto de 2010

Nós Nuvens


Nós Nuvens

Gosto da leveza das coisas
Da leveza das pessoas
De pessoas de vento
De pensamentos em nuvens e passos em nuvens
Gosto das companhias nas andanças nas nuvens
Gosto da leveza e buniteza de conversas
 Leves como algodão doce
Algodão, algodão remete nuvens
Nuvens que remetem ventos
Ventos que remetem redemoinhos com chuva de sentimentos
Redemoinhos que remetem poeira de palavras, que são tão leves como nuvens que acabaram escapando com a leveza desse pensamento.


Naiara Misa-01/08/2010 -23:20-Conversa com leveza,Keisse.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Lonjura anexa


Ver as vezes  é tão distante

Que a lonjura da presença anexa

 Povoa e presencia o imaginário dos sentidos.

Naiara Misa-29/07/2010 16:00

terça-feira, 13 de julho de 2010

O meu menino

O meu menino painho
Com seu cabelo cinza quase branquinho
Bate uma saudade
Daquele balanço da rede na sala atrapalhando o caminho
Sua voz chamando cedinho “vai levantar não menina? Isso é uma hora bonita pra você ainda tá aí”!
Tenho um menino chamado painho
Que fica bonito de bigode cortado, igual um rapazinho
Tenho um menino chamado painho
Que passa a tarde sentado na cadeira só no balanço, olhando a TV com seus olhinhos verdinhos
Tenho um menino chamado painho
Esse é o meu jeitinho carinhoso de chamar o meu painho
Nival é o seu nome, o meu menininho.

Naiara Misa.
Para Nival Bezerra
27/04/2010.

domingo, 11 de julho de 2010

Pouca pra tantos


A vida às vezes é pouca pra tanta vontade
Pra tanta saudade
A vida às vezes é pouca pra tanta doçura
Pra tanta procura
A vida às vezes é pouca pra tanta melodia
Pra tanta poesia
A vida às vezes é pouca pra tanta alegria
Pra tanta euforia
A vida às vezes é pouca pra tanto desejo
Pra tanto festejo
A vida às vezes é pouca pra tanto sorriso
Pra tanto lirismo
A vida às vezes é pouca pra tanto canto
Pra tanto encanto
A vida às vezes é pouca pra tanta lembrança
Pra tanta esperança
 A vida às vezes é pouca pra tanto amor
Pra tanto fulgor.

Naiara Misa-11/07/2010-01:04 madrugada.



sábado, 10 de julho de 2010

Cio da Noite


Senti o cheiro intenso do cio da noite
Em uma terra incessantemente fecunda
O orvalho frio e lento a penetrava
Arrepios de vento em folhas
Ouvia cantos de prazer 
Que ressoavam, indo e vindo no arvoredo.

Naiara Misa-10/07/2010-22:09

domingo, 13 de junho de 2010


Marés de março

Marés minhas
Marés nossas
Todas troncos
Todas braços
Todas dedos que tateiam
O meu corpo
Os teus braços
Navegação
Os meus traços
Os teus olhares
Que navegam que volteiam
Como eu danço
Em marés de março.
Naiara Misa-12/06/2010.


Vento


Corpo ao relento
Viro-me costas ao vento
Ar-repio de repente
Ouço o vento
Re-espiro
É nesse ato me reinvento
Revivo cada momento.

Naiara Misa-12/06/2010

sábado, 5 de junho de 2010

















Saciando as necessidades dos sentidos

Tenho sede da tua fala
Bebo-te só pra te ouvir
Frio na sua ausência
Aqueço-me na sua imagem só pra te presenciar
Fome do teu toque
Me entupo com a consciência do meu corpo só  pra te sentir.

Naiara Misa. Em 04/06/2010

sábado, 15 de maio de 2010


Uma valsa no mar

O mar nos tragou
Leve mar, pra ver o mar e reencontrar
No balanço do mar
O abraço tão esperado aportou
O mar nos velejou
Leve mar, pra ver o mar e valsar
 Embalados no balanço
Começamos a valsar
O mar nos velejou
Leve mar, pra ver o mar e amar
Valsando ao som do mar
Velejamos somente pra amar. 

Naiara  Misa- 15/05/2010


segunda-feira, 10 de maio de 2010

    picasso--pablo-sleeping-woman-8401269


Presença {des}conhecida

Hoje senti vontade de ir pra casa                           
Esperar, só pra ver alguém
Alguém que, não vem ou talvez nem exista, não sei
Queria sentir a expectativa de esperar alguém
Sentir o abraço de alguém há tempos não abraçado
Queria senti a presença, nem mesmo sabendo de quem... Alguém.

Naiara Misa- aula evolução do espaço cênico-28/04/10







Prazeres de Janela

Quero uma janela
Só pra abrir
Só pra fechar
Só pra me debruçar
Só pra florir
Só pro sol sorrir e vê-lo deitar
Só pro vento entrar
Só pra ver o mar
Ver o monte
Pra folha cair
A poeira entrar
Pro gato deitar, pular
Pra ver o luar
Pra chuva bater
Pro canto entrar
Só pra eu ver quem vai passar
Pra eu sentar
Pra secar roupa
Pra ver desenho em nuvem
Pra eu deslumbrar o céu azul, multicolor
Pra eu me pentear
Pra eu esperar
Pra eu amar
Pra eu sentir
Quero uma janela pra me libertar...abrir..voltar...volta janela.

Naiara  Misa.03/05/2010.


sábado, 24 de abril de 2010


Com o tato
Em contato
Tateio o mundo
Desvendo mares
Em um ato delicado
De ver no escuro com o tato
Entre pautas e relevos ondulares
Desvendo mares
Conheço lugares
Sinto paisagens
De uma margem a outra
Desvendo mares
Com o tato...

Naiara Misa

Escrevi vendo uma menina lendo em braile, praçinha da alegria UFPB  14/04/2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010


Teci um texto.


Testando a teia, que tecia a tinta na linha.


Entre novelos de silabas, desenrolo as palavras na textura da folha lisa.


Teço as palavras sem o ponto, quem diria {?}


Mas sabe o que eu queria?



Ser um tear, pra tecer as palavras com pontos sem linha. 
Naiara Misa.05/04/2010 14:08

sábado, 27 de março de 2010

Content{e}am{v}ento

Vem no Vento

No tilintar do tempo

Em um corpo atento

Só resta o contentamento

Com saudade batendo

Agora nesse momento.


Naiara Misa.
Escrevi na aula em baixo da árvore. Tarde do dia 23/03/2010.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

NO CAIR DO A(L)TO


NO CAIR DO A(L)TO

Da janela de casa...
Fui tomada de incessantes calafrios.
Quando assistia e aspirava o cheiro da terra molhada.
O habilidoso e descordenado vento
com seus rodopios e assovios,
direcionava o rumo da senhora chuva.
Chuva que cantarolava, embalava e guiava...
a dança suave e súbita das árvores.
O senhor céu como pano de fundo,
escurecia e reluzia aos efeitos participativos dos relâmpagos
que demarcavam as cenas passageiras e carregadas das nuvens protagonistas.
Onde por sua vez passavam e despiam-se dando lugar ao céu azul, junto com o sol que calorosamente aplaudiam mais um espetáculo do dia.                                                
                                                                                                                 Naiara Misa-17-01-2010