domingo, 7 de novembro de 2010



Profunda falta


A gente cresce e perde as cores bonitas de ser feliz
 Ser menino, ser menina, ser criança
A gente cresce, aprende a amarrar o cadarço
A vestir o vestido e dá o laço
A tomar banho sozinho
A fazer trança no cabelo
A vestir roupa sem graça, sem cores o tempo inteiro, pra viver ao contrário.
Viver ao contrário, sem o gosto doce de criança lambuzada
Sem a roupa sujinha toda enlameada
Sem os pés gigantes do pai, pra subir e ser gente grande na caminhada
Sem o peito quente materno com manhas e choros desconsolados
Sem o cheiro de comida na cozinha
Sem a pressão pra comer mesmo estando empanturrado
Sem o aconchego gostoso de lençóis branquinhos e quentinhos na hora de dormir acompanhado de pezinhos cobertos, empacotados em noites bonitas, porém demoradas.
A gente cresce e perde as cores bonitas de viver e sentir, pra viver ao contrário.



Naiara Misa- em 07/10/2010