A gente cresce e perde as cores bonitas de ser feliz
Ser menino, ser menina, ser criança
A gente cresce, aprende a amarrar o cadarço
A vestir o vestido e dá o laço
A tomar banho sozinho
A fazer trança no cabelo
A vestir roupa sem graça, sem cores o tempo inteiro, pra viver ao contrário.
Viver ao contrário, sem o gosto doce de criança lambuzada
Sem a roupa sujinha toda enlameada
Sem os pés gigantes do pai, pra subir e ser gente grande na caminhada
Sem o peito quente materno com manhas e choros desconsolados
Sem o cheiro de comida na cozinha
Sem a pressão pra comer mesmo estando empanturrado
Sem o aconchego gostoso de lençóis branquinhos e quentinhos na hora de dormir acompanhado de pezinhos cobertos, empacotados em noites bonitas, porém demoradas.
A gente cresce e perde as cores bonitas de viver e sentir, pra viver ao contrário.
Naiara Misa- em07/10/2010
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
É MAIS QUE ISSO
Tem dias que parece ser de choro e de chuva, talvez não só de choro e de chuva, mas de uma saudosa lembrança alegre. Esses dias que você anda pelas ruas e, subitamente, o céu desanuviado preenche-se por um manto cinza, acompanhado por uma neblina suave e fria que se embebe em seu rosto e corpo com rajadas de ventos, tornando o percurso ruim pra alguns e prazeroso e molhado pra outros. A rua se torna vazia, pois as pessoas não querem se molhar por vários motivos:
Porque não quer molhar o cabelo
Porque não quer molhar o seio
Porque não quer molhar o sapato caro
Porque não quer molhar a capa de um livro raro
Porque não quer molhar os celulares
Porque não quer sentir o frio
Porque não quer ficar febril
Ou até mesmo porque não gostam de chuva.
Algumas pessoas não sabem e, por algum motivo não gostam da chuva, não sabem elas os prazeres e efeitos que uma chuva pode proporcionar ao nosso corpo e aos nossos sentidos, as reações e sensações que podem ser de frio, arrepio, ou até uma lembrança da infância esquecida em algum lugar da sua memória sensitiva e emotiva. Pois é, a chuva pra mim, não é só o cair de água em uma condensação de uma nuvem fria com uma nuvem quente, as mesmas podem está brincando de quente e frio de abraços em forma de gotas pra ver quem chega primeiro na terra, a chuva pode ser o choro de um céu com lembranças e saudade da noite, pode ser o dar e receber dos mares e rios pode ser o riso e alimento das árvores, pode ser o choro que banha pensamentos tristes e alegres, pode ser o germinar de sementes em terras férteis, pode ser a limpeza de caminhos, pode ser a música em notas de telhados desafinados, pode ser o “casamento da raposa”, pode ser o deleite de guarda-chuvas, pode ser o aconchego de enamorados, pode ser o frio dos desabrigados, pode ser o banho dos pássaros. A chuva é bem mais que isso Ela me causa e me traz sensações, reações diversas e indescritíveis (indispensáveis), que só quem sente, sabe; só quem molha lembra, quem sente chove, quem chove chuva, quem sente a rua,quem é de chuva, sempre sente... chove chuva, em mim sempre...
O meu menino painho Com seu cabelo cinza quase branquinho Bate uma saudade Daquele balanço da rede na sala atrapalhando o caminho Sua voz chamando cedinho “vai levantar não menina? Isso é uma hora bonita pra você ainda tá aí”! Tenho um menino chamado painho Que fica bonito de bigode cortado, igual um rapazinho Tenho um menino chamado painho Que passa a tarde sentado na cadeira só no balanço, olhando a TV com seus olhinhos verdinhos Tenho um menino chamado painho Esse é o meu jeitinho carinhoso de chamar o meu painho Nival é o seu nome, o meu menininho.